Cansas-me. A tua atitude cansa-me. A tua expressão mal-encarada cansa-me. A tua voz é naturalmente agressiva. Não se trata de interpretação, não tem a ver com o tom menos agudo pouco característico de uma voz feminina, trata-se de personalidade. Sempre que enuncias uma palavra que seja, parece-me o mesmo que arremessar uma pedra de propósito contra alguém, em especial quando te diriges a mim, o que não é nada comum.
Só és simpática para quem queres, só sorris para quem é teu amigo hoje, sendo que amanhã manda-te passear sem pensar duas vezes. Tens-me de ponta, queimado, já há meses seguidos, como se algum dia tivesse ousado ofender-te, tratar-te mal, rebaixar-te. Parece que é isso que gostas que te façam. Desesperas por quem não te merece e pões de parte quem gosta realmente de ti. Sou estúpido, sabes? Profundamente mentecapto. Hoje foi mais um daqueles dias em que me fizeste pensar que porventura quem tem a culpa de te porem de lado e não quererem mais saber de ti és tu própria. Um feitio infantil como nunca testemunhei. Pior do que infantil, pueril, que é o que se diz de algo relativo a bebés. Todos os miúdos têm pressa de se tornarem independentes, mal chegam aos dezoito anos. Mas se querem ser adultos para umas coisas, têm de ser adultos para tudo o resto, exactamente da mesma forma. Tu és adulta de idade, mas tens muito para crescer. És inteligente, é coisa que não te falta, mas não sabes dar-te com pessoas. As tuas escolhas são disparatadas, mas não consigo fazer-te entender isso. Mais ninguém poderá fazê-lo por ti, até que decidas tornar-te realmente adulta de uma vez por todas e vê-lo com os teus próprios olhos. Não confundas as coisas. Eu não quereria nunca que mudasses para agradares a mim ou a quaisquer outras pessoas. Devemos ser fiéis a nós próprios, tu mesma disseste-o. Mas quando o nosso feitio é insuportável, são poucos os que estão dispostos a aturar-nos o pião. A minha paciência tem vindo a esgotar-se progressivamente já desde o ano passado. Não temos nada entre nós, nem amizades, nem parcerias, muito menos uma relação, mas parece que tivemos uma vida conjunta no passado, para agora estar a fechar os olhos múltiplas vezes à tua atitude constante. Esperas horas seguidas, se for preciso, que publique um texto novo no qual descreva o quanto te amo e o quanto te desejo. Dormes em intermitências durante a noite, caso tenha feito aqui uma publicação mais tardia que não conseguiste apanhar, devido ao sono. Se calha sair um texto em que te aponto o dedo, desapareces. Metes-te na cama, choras. Porque sabes que tenho razão, mas insistes em não mudar. Desconfias de mim? Achas que sou demasiado bom para ser verdade, por te ter um amor assim tão puro? Não há truques na manga. Nunca fui tão claro assim com outra pessoa quanto contigo. Já to disse uma vez, repito-o agora: sou assim tão prejudicial para ti como dás a entender, não sou? Não te faço bem nenhum, pois não? Desfaz-te de mim. Eu não o faço por ti. Se sou mau para ti, exclui-me de onde quer que me tenhas. Pode ser que mais tarde compreendas e aprendas. Devia exigir-te um pedido de desculpas, pela forma indubitavelmente injusta como me tratas. Mas que resposta seria a tua? "Não te devo nada, não tenho de fazer nada", achas que corresponde? Digo-te, contudo, que não é preciso dever-se o que quer que seja aos outros para se ter delicadeza e simpatia. Espero honestamente que te sintas feliz com o teu trabalho. Mas se te estraguei o dia, tenho muita pena. Tu tens vindo a estragar os meus dias há mais tempo do que possas pensar.
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As crianças devem ser ensinadas sobre como pensar, não o que pensar. — Margaret Mead A citação supramencionada aponta o principal problema que tem vindo a assumir um papel cada vez mais preponderante na pedagogia de todos os tempos. As crianças são o alvo mais fácil deste género de abordagem educativa, uma vez que a sua ingenuidade e inocência face ao mundo impede-as de reagirem contra o fenómeno da aprendizagem de matriz. No caso dos jovens, não seria assim tão fácil assumir o controlo sobre o seu processo cognitivo, mas os diferentes métodos impeditivos de aquisição de uma aprendizagem imparcial e instigadora de uma reflexão mais inata no que aos estudantes concerne, principalmente atribuídos pelo poder político e governativo, entregam cada vez mais instrumentos repressivos às direcções escolares, públicas mas autónomas nas suas práticas, patentes num regulamento interno, interpretado através de um prisma inegociável com o sujeito primordial que dá uma razão de ser à instituição educativa: o estudante. Sendo menores de idade, os alunos escolarizados até ao final do ensino secundário, de há relativamente poucos anos a esta parte tornado obrigatório e gratuito (portanto isento de propina, apenas), vêem-se inequivocamente reprimidos por todo um conjunto de regras semelhante ao intuito resolutivo do código de processo penal. Significa isto que o objectivo inerente à reclusão de um indivíduo não é nunca a sua reabilitação social, mas sim a sua mera punição. É parte integrante da natureza humana ousar desafiar normas. Quanto maior e mais poderosa for a proibição de violação de um determinado código, maior será então o ímpeto experimentado rumo à anarquia. O conceito de Estado de Direito Democrático, regime do qual múltiplos países em todo o mundo se orgulham de ter implementado após longas e duradouras experiências totalitárias, oferece variadíssimas escolhas ao cidadão comum dos mais diversos domínios e naturezas. No entanto, a possibilidade de opção individual é aquela que parece ser a mais limitada, vislumbrando-se no horizonte um objectivo de disciplina comunitária e social, que por sua vez aponta para a uniformização ilegítima da diferença. Se estivéssemos perante um caso de perigo de corrupção da ordem pública, a Democracia não teria nenhum outro remédio senão intervir e suprimir o movimento anárquico, já por si falacioso. O princípio que serve de base à anarquia é precisamente a ausência de princípios. Um regime democrático compreende já a existência de liberdades individuais. Tem por isso a obrigação de impedir que os desvios pessoais de cada um coloquem em perigo as liberdades dos restantes indivíduos que da mesma sociedade fazem parte ou que pretendem vir a integrar no futuro. Aquilo que é, isso sim, impensável na Democracia, é condicionar a liberdade de pensamento direccionada para o progresso, o que, surpreendentemente, ainda aterroriza o equilíbrio funcional das instituições de soberania nacional. É de recordar que a educação propagandística de uma ditadura pressupõe a lavagem cerebral desde cedo dos seus cidadãos, de forma a sempre mostrarem apoio ao regime, sem qualquer intenção de constituição de oposição que atraia a atenção da comunidade internacional para intervir. A verdade é que, mesmo em Democracia, o insucesso escolar continua a representar uma abominável ameaça ao crescimento global de um Estado nos mais diversos domínios em que está envolvido, e tudo porque a ministração do ensino não é devidamente levada a cabo. Não se trata de defender apenas o leccionamento das matérias que mais interessam a cada estudante. A expressão "cultura geral" não é meramente indicativa. Deve compreender, de facto, uma generalização de conhecimento que seja capaz de munir cada estudante com os instrumentos necessários, tanto à sua utilidade própria, privada, como à utilidade, mais do que social, civilizacional. Foi referido acima que o sujeito principal da instituição educativa é o estudante. Se não existisse necessidade alguma de instrução de cada ser humano em processo de auto-conhecimento, não faria sentido a existência da escola, muito menos de formadores, de professores que antes de assumirem as suas funções foram eles próprios estudantes. O estudante olha para a escola como uma dádiva, uma oferenda que foi transmitida aos seus antepassados, que passa para as suas mãos e que abrangerá no futuro os seus descendentes. E no entanto, é ele quem mais perde no seio do ambiente pedagógico. A postura militarista de um educador, sedento de respeito e reconhecimento da sua autoridade académica, não passam senão de mecanismos de defesa de alguém extremamente inseguro que não é capaz de, muito ao contrário de exigir, merecer o respeito dos seus discípulos, que, sozinhos, reconhecerão a sua linha de pensamento como um exemplo a seguir ou, inversão de enredo, algo a desafiar. Aquilo que muitas vezes justifica a colisão intelectual entre o professor e o estudante é o desprezo revelado pelo primeiro face à reflexão do segundo. Professor significa criador de profissão. Um professor profissionaliza. Quer isto dizer que, a partir do momento em que assume a sua função pública de instrução, compromete-se a irrepreensivelmente instruir o estudante para que este possa executar as suas próprias funções com os maiores rigor e profissionalismo, justamente, possíveis. Acontece que cada estudante, baseado nas suas experiências académica, artística, demográfica, económica, financeira, geográfica, profissional, social, etc., entre tantas outras, detém um espírito crítico. Existem motivações no seu interior que o conduzem à formação de uma opinião própria, que poderá estar, ou em consonância com a do professor, ou em dissonância. E é nesta altura que se dá o choque. Uma das posturas mais aterradoras que o professor se vê capaz de adoptar é colocar o seu orgulho pessoal à frente de uma discussão de ideias que conduza à sustentação de um novo prisma sobre uma qualquer matéria, ainda que estudada desde a Antiguidade. A promoção de conversas e debates nas aulas baseia-se frequentemente numa fachada triste de se ver. As opiniões recém-formadas pelos estudantes a partir do seu espírito crítico devem obrigatoriamente prever a sua similitude para com a opinião do educador. Caso ocorra o contrário, a opinião do estudante tanto pode ser aceite e desprezada, como que varrida para debaixo do tapete, sem que ninguém dê conta, como desprezada logo de início, numa situação em que a insuflação de soberba é claramente visível da parte do moderador. Portanto, aqueles que teriam o poder de alterar o sistema, depois de se transformarem em partes integrantes do mesmo, preferem viciar um pouco mais esse sistema à sua maneira, ou simplesmente aplicar uma vingança passiva de não apresentarem quaisquer objecções ao código que os regeu anteriormente, numa fase em que os próprios foram os instruídos. É por isso que não existe nada mais simples do que a união para travar a corrupção sistemática e viciosa. A massa maior é composta pelos estudantes. São dezenas para um professor só, são centenas para apenas algumas dezenas de educadores. Não é um golpe de estado que aqui se sugere. A espécie humana é a única dotada de razão e que por isso aprende a dialogar, de forma a resolver os problemas que entre si tiverem lugar, evitando assim disparates reaccionários como a ignorância, a impulsividade, a rispidez e a infeliz soberba de quem se faz superior por conta de factores externos completamente irrelevantes como estatuto, experiência, idade ou título académico. Está apenas e só nas mãos do estudante, unido ao seu semelhante e colocando de lado o ridículo da imbecilidade competitiva que habitualmente os separa, desvirtuar o sistema dos seus vícios e exigir o seu tratamento com dignidade e a melhoria dos vários métodos de munição de instrumentos académicos que poderão fazer de si um profissional altamente competente que, acima de qualquer outro aspecto, é capaz de produzir conhecimento científico, não só baseado no seguimento do que outros referiram ao longo da História da Humanidade, mas também na discórdia, desde que didáctica e útil à inovação dos elementos de aprendizagem que o tornarão num cidadão civilizacional responsável e respeitador dos Direitos Universais do Homem e da Mulher, mas com um cérebro apenas submisso ao seu próprio controlo. Tiago Lameiras, PhD
Não me incomoda nada, de todo. Faço-te o gosto de escrever uma publicação de propósito, só por causa disto, sem problema. Se eu tiver de discutir com alguém, que seja por um motivo concreto. És indelicada deliberadamente. Seja qual for o problema que tenhas, com quem ou com o que for, permaneço de consciência tranquila. Não tenho mesmo disposição para aturar jogos, muito menos deste género. Desconta em quem tiveres de descontar, mas não me metas nisso, não sei fazer de saco de pancada.
Estou sempre disponível para te ouvir, consolar-te, se precisares, mas não brigues comigo só porque sim. É coisa que me magoa. Não magoes os outros para te sentires melhor, é infantil e inconsequente. Se sou eu o verdadeiro incómodo da tua vida, impede-me o acesso aos teus perfis nas redes sociais, deixa de ser uma amiga, bloqueia-me, como entenderes, a decisão final é sempre tua. Remove-me da tua vida por inteiro, se achares que deves. Já te tinha dito anteriormente que guardei o teu número de telefone dos cartazes distribuídos pelas paredes, mas não há razão para alarme. Não o usei antes, não vou usá-lo agora para inundar-te de mensagens. Agradeço-te pelo menos teres apagado a resposta disparatada que me deste e que eu li a tempo. Não vale a pena ser-se rude em público. E obrigado também por me estragares um dia em que me senti bem por ter ganho a coragem de falar contigo de novo, só para dar de caras com aquelas palavras. |
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Março 2017
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