Meu espírito divaga no ocaso,
Privado de expectativa e de luz, Diminuta ao cerrar a r'volução. Cobre-se o firmamento de mais 'strelas Que ora se não ofuscam como então. É pesada, e é vera esta cruz Sobre cujas farpas meu sangue vazo. Sopra minh'alma p'lo d'sfiladeiro Que é ladeado por colinas de pó Como se um vale fosse, verdadeiro Em similitude, apenas, só, Ocultando o trunfo do cadafalso, Onde caído fui, como vou sendo - Mente ferida, coração descalço. Estou em busca de um reino perdido; Agora, se de ilusória ventura Ou de uma concretização tamanha, Não sei dizer se é meu que se desenha, Aturdido que estou de pobre usura. Serei eu conspurcado mensageiro, Da floresta entrançada prisioneiro? As vísceras ruminar sobre nada Sou assim ora capaz de escutar. Pernoito perpetuamente na cave P'la solidão duramente gradeada, Dando à escuridão uma cachoeira Com que se entreter, também encantar. Sou recluso ao dia, cerrado à chave. Estou perdido no caminho errante, Convivo pois triste com os penados De órbitas vazias e delirantes, Cada qual mais do que eu esburacado Pelos fluxos de trâmites vitais Que por força se querem sociais Sem que se mostre uma escolha possível. Flutuo eu em tantas outras memórias, Mas desta vez com aparente rumo Em balsa de escolha acertada, Donde bebi a origem da história Que fez de mim guerreiro supra-sumo, Príncipe digno de próprio condado, Reitor das mais belas leis de fulgor. Eu tive em tempos o meu próprio reino, Fui mago de uma mor sabedoria, Mas fizeram-se em pó as faculdades. As sementes da romã a cidade Envenenaram, fantasmagoria A minha pátria linchou, a deidade Que a mim [me] regia, de mim zarpou. Nada mais possuo, neste momento. Encontro-me tão só em risco e morte, Aguardando paciente o salvamento Daquela cujo licor eu bebi, De quem me trouxe vida e também sorte, Aquela que do amor fez raiz, Amo-te, és minha, bela Imp'ratriz.
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História
Março 2017
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